domingo, 15 de dezembro de 2013

Treze de dá gosto

Esse foi um ano dos bons. Daqueles que dão um cansaço na gente, mas que valem cada esforço. Foi um ano de colheita e de novas sementes. Ano de mooncup, multigraphias e cor da cultura. Ano de projetos, ensino e pesquisa. Ano de apostas profícuas e tiros certeiros; de feldenkrais, domingos ensolorados, progesterona líquida e ioga tântrica. Ano de muito amor; de liberdade, intuição e alfarroba. Ano de azul e bege. De despedidas, nascimentos e reencontros. Ano de agarrar com todas as forças aquilo que realmente importa. Ano de poesia na cidade e mobilidade urbana. De cara na rua e união política. De menos medo e mais ação. Este foi um ano de vontades coloridas; de tempestades renovadoras. Ano de estar. Ano em par. Ano ímpar. 

sábado, 16 de novembro de 2013

Caminhando na cidade

rastro

pedaço de passagem que fica

no passo


rasura

ronda que faz dos dedos

bolhas de giz


assusta

formas tão móveis e puras

mortas tão peles as tuas


astúcia

teu jeito de sempre ir e vir

não previne nem curva

pede bocas de jasmim.



sexta-feira, 26 de julho de 2013

Dicionário de sufixos

SOL    DA     GENTE

                SOLDAGEM

SOM   DA   GENTE

                     SONDAGEM  
SOL

SOLDA 
             
SÓ          AGE


SÓ       ARDE

SÓ    

SODA

SAUDADE

SOU DA __________

            SOU    VAGEM

SELVAGEM

                        SEM    VADIAGEM, SEU VLADI!

SEI DAR DE __________

            VIAGEM

MIRA            
            AGE

MIRAGEM

CIDADE-CORA

CORA
            E
                 AGE

CORAGEM.


domingo, 14 de abril de 2013

Sublimar a violência ou a violência subliminar


A galeria é a rua
É minha
E é tua

A contradição está nua
Ao pé do morro
E do gozo de ser rua

Estou descalça de mim nesta cidade
Azul de Si
E de tantos Dós que não escuto mais

Quero com urgência as seis notas sem Dó
Porque não tenho mais Dó

Eu tenho é Sol
E nós




terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Interdocilização

Processa
Inter-disciplina
Encontra
Integra
Integraliza-ação
Entrega
Entre-vê-já
Regra-não
Rega-sim
Lá e cá
Inter-trans-tem
Entretêm
Em-tom
Doce
Dociliza-ação
Pela
Inter-dociliza-ação




terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

A cidade


A cidade choca
Da janela do avião que parte
E me parte em dois

A cidade chora
Em gotas de chumbo
Num desavisar contínuo
Por vezes mecânico e azul

A cidade ponta
E parte em vão

A cidade lança
Olhares, flechas e prumos

A cidade avança
Pensando novos rumos pra mim e pra ti

A cidade avisa
Que o fácil pesa no lombo de quem fica

A cidade chama
Enxames
De gente e de lama

A cidade em chamas
Violeta
De dores ainda pouco conhecidas

A cidade abana
Havana
Cali
Pequim

A cidade abusa
E encontra um som por onde entra

A cidade lisa
Sem qualquer pedregulho ou cacho sem fim

A cidade pisa
E dói em quem chega de mais uma viagem definitiva

A cidade lusa
Ainda que Oliveiras falhem e Gomes percam toda sua fortuna

A cidade vaza
Por poros e valas afins

A cidade prisma
E prima por ti

A cidade curva
Te leva presentes
E todos os teus parentes

A cidade vinga
Antigos e novos moradores
Amargados pela saída
Ou pela chegada

A cidade nota
Que ricos e pobres
Dividem o mesmo desprezo pelos seus

A cidade acusa
A cidade cara

A cidade assusta
E cai sobre aqueles que teimam em entrar pela porta da frente

A cidade mora
E é mor em tudo que vê
E fala porque sabe

A cidade nua
A cidade nunca
Sai de mim

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Ano-primo

Passado o ano de números pares
Intocado de humores e preces comuns
Chega o ano de números primos
Tão primos
Que ofuscam qualquer secundário que se aproxime

À lona foram todos
Primos, pares, cadeiras e espumantes
Restou apenas o rio que não é rio
E não ria
Pois um lago, que fora chamado de rio durante décadas,
É assunto de absoluta seriedade